18 junho, 2011

Tradução: Entrevista do Mizuki para a Rock and Read #30 (Parte3)

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Finalmente depois de muito tempo, a última parte da entrevista do Mizuki! As últimas semanas foram um tanto corridas, então, desculpem a demora @_@

Precisei colocar aqui o finalzinho da parte 2 pra dar uma situada, já que é meio que a continuação do assunto~




P: E então essa se tornou sua motivação para formar uma banda. Mesmo assim, o sucesso trouxe você até onde está hoje. Mas, quando se pensa nesses cinco anos que passaram desde o seu primeiro show com o Sadie, qual foi o ponto de partida de tudo isso?
Mizuki: Uhm… Eu não tenho certeza se está tudo bem em falar sobre isso. Mas depois da nossa formação as coisas correram bem. Nós rapidamente nos movemos e lançamos nosso primeiro single, “Kokui no shitano yokubou to, kunou no hate n imita hyakkei no yuritachi” (lançado em Julho de 2005) numa velocidade incrível. E com aquele CD pronto para ser vendido no lugar onde faríamos nosso show, nós fomos para a Brand New... Mas as coisas não saíram conforme tínhamos planejado. Particularmente falando, durante aquele período, eu tinha acabado de terminar com minha namorada e como estávamos morando juntos eu fiquei sem casa. Com isso eu fui morar com Mao-san por quase um ano, praticamente. Claro que Mao-san também estava preocupado se conseguiríamos fazer um bom show, e nós dois não víamos nenhum futuro tocando naquele palco (da Brand New). E depois então, também ouvimos aquelas palavras que nosso empresário nos disse.

P: Quais foram essas palavras?
Mizuki: “Do jeito que vocês estão agora, não parecem nem um pouco reais. Vocês não demonstram nada e ninguém sabe aonde querem chegar. Tentem e sejam reais ao menos uma vez!”. Bem, o primeiro que ouviu isso foi Mao-san, é claro. “Não é sobre sonhos e utopias, você precisa transmitir as emoções reais desse momento quando estiver cantando e você tem que escrevê-las e colocá-las prá fora”. Por essa razão, nosso segundo single, 溺哀 -dekiai-, estava completamente diferente se tratando de qualidade quando comparado ao primeiro. É claro que nenhum deles estavam mesmo muito bons e quando escuto aquelas músicas hoje em dia, me faz pensar o quão ruim eles realmente eram. Ainda assim, a realidade que expressavam, o desespero e a força de viver eram completamente diferentes. Eu acho que esse foi o nosso ponto de partida.



P: Ah, isso se relaciona com o encore* do seu primeiro show one-man** em Shibuya O-East, certo?***
Mizuki: Sim, sim, foi mesmo. Droga, lembrar disso agora me deixa todo sentimental. O que eu devo fazer? Droga, eu vou chorar!
* Acho que todo mundo sabe o que é, mas encore é tipo... Bis HAHAHA. Depois que termina o show, as fãs ficam lá gritando ‘encore’ e eles voltam prá tocar mais algumas músicas.
** Isso também, mas... É aquele show em que só tem uma única banda.
*** Só prá dar uma situada, esse primeiro show deles foi em 3 de dezembro de 2005, quando anunciaram o lançamento do single -dekiai-.

P: (Risos) Quando Mao-san estava cantando a holy terrors naquele dia, você estava ao lado dele no pequeno palanque (aquele palquinho bem na frente da platéia). Aquela cena certamente deixou uma forte impressão e eu perguntei a Mao-san qual a razão daquilo. E ele disse: “Mizuki e eu passamos por momentos incrivelmente difíceis juntos”.
Mizuki: Sim, foi. Foi uma época extremamente difícil, quando não tínhamos dinheiro nem nada e não sabíamos como continuar com a banda. Nós fizemos aquele show em O-East na completa ousadia e certamente deixamos a holy~ como a última música do encore e foi quando o Mao me chamou para o lado dele. E então depois ele me disse: “Naquela época foi incrivelmente difícil, mas mesmo assim, agora, ver todas essas pessoas nos amarem tanto assim, era o que eu queria sentir com você desde o início.” Ouvir uma coisa desse tipo, assim... Foi realmente emocionante.

P: Só de ouvir isso, é realmente uma história muito tocante.
Mizuki: Sim. E se eu tivesse eu enumerar mais um ponto de partida prá nós, diria que foi quando as nossas personalidades dentro da banda mudaram. Desde o início eu tinha sido o personagem feminine. Porque quando começamos com o Sadie, determiner esses papéis era muito importante! Eles disseram que era muito importante ter um personagem um pouco mais feminino na banda, então eles perguntaram: “Que tal se fosse você, Mizuki?”. E eu realmente não me importei. Afinal, MIYAVI também era um tipo meio andrógino.

P: E você até mesmo gostava de Sailor Moon (Risos).
Mizuki Sim! (Risos) Mas no início eu estava “representando” a garota extremamente fofa que não falava. Só que, nosso empresário me falou prá parar de agir como uma garota. Ele não me disse o porquê, e eventualmente quando nosso primeiro baterista saiu da banda eu deixei de ser a garota da banda. Pensando nisso agora, eu fiquei realmente grato por isso. Eu entendi que, da mesma forma que Mao-kun precisava expressar os seus sentimentos verdadeiros, nós também não devíamos agir como pessoas que não éramos. Se aquilo não tivesse acontecido, eu não poderia ser quem eu sou hoje. Eu provavelmente ainda seria a garota.

P: Então o estilo da sua performance no palco também mudou desde aquela época?
Mizuki: Sim. Nós pensamos que deviamos parar de “representar” e fazer isso naturalmente. Como eu disse antes, eu não sou do tipo de pessoa que consegue se destacar assim facilmente, mas no palco eu conseguia fazer isso. Bem, então eu só pensei que deveria ir lá e fazer isso.

P: Que seria chegar lá com sua guitarra e fazer o back vocal com Mao-san. Em termos de “liberdade”, você é um guitarrista nada convencional.
Mizuki: Eu não estou sendo um guitarrista de verdade, estou? Tanto no lado bom quanto no lado ruim (Risos).

P: Falando em não ser convencional, ultimamente você tem se esforçado bastante em manter o seu blog sempre atualizado, desde as chocantes performances aos seus sentimentos mais honestos e profundos que ninguém nunca poderia imaginar. Existe alguma razão para isso?
Mizuki: Quando se trata disso, a influência de Mao-un foi bem forte, também. No início, também, ele expressava suas dores e seus verdadeiros sentimentos, e com isso, nós ficamos sabendo de pessoas que nós “salvamos” com isso e começamos a pensar que o que queríamos expressar não era “querer morrer”, mas sim “viver”. Pensando nisso, a banda mudou bastante depois de a holy terrors. Foi então que mudamos nossa visão para uma coisa mais positiva do tipo “vamos fazer o nosso melhor e viver mais um dia!”. Com esse tipo de foco... nós começamos a pensar nas coisas que nós, como pessoas, e nosso mundo, poderiam transmitir para ser capaz de mudar os corações dos outros.

P: Lendo isso por conta própria, eu sinto que “entendo”. Existem muitas coisas que começam a ficar mais claras agora. Eventualmente, agora, existe provavelmente um grande número de pessoas que chegam até Sadie por meio do blog de Mizuki-kun, não é?
Mizuki: Não é? (Risos) Mas eu não estou fazendo isso para me promover ou algo assim. Eu só escrevo as coisas que eu penso, sobre as coisas que eu sinto. Normalmente têm outros artistas que também revelam esse lado frágil que eles normalmente querem esconder, e eu compreendo eles, o que acontece provavelmente por uma única razão: eu não sou tão diferente assim. Eu estou nesse meio também, eu toco guitarra também... É só um enumerado de coisas que levam a outras. Além do mais, eu realmente quero mostrar que se há uma chance as coisas podem ser mudadas, seja para uma pessoa que não consegue se expressar no colégio ou no trabalho, ou para alguém que se sente incapaz de realizar qualquer coisa. Eventualmente, essa chance e a força para essa mudança pode ser encontrada nos shows ou nas nossas musicas, eu acho. Isso é também algo que é difícil prá mim quando estou frente a frente a alguém (mostrar os verdadeiros sentimentos), mas eu percebi que posso fazer isso facilmente escrevendo no blog (Risos). Provavelmente é porque me lembra a sensação de expressar as coisas através da música.

P: Já que você conhece bem o sentimento de não conseguir se expressar na frente dos outros, você gostaria de poder transmitir as pessoas que é ótimo aceitar as oportunidades para “mudar” as coisas.
Mizuki: Sim, é isso. Quando eu subo no palco, eu realmente mudo. Mas realmente eu só sou daquele jeito quando estou no palco. Quando eu saio de lá volto a ser exatamente como eu era antes. No final, eu ainda sou bastante tímido, mesmo que eu pense que consegui me tornar um pouco mais sociável. Mas no fundo, ainda é difícil prá mim me envolver completamente com as pessoas. Esse é o centro da questão!

P: Mesmo que o significado seja um pouco diferente (Risos).
Mizuki: Mesmo agora, fazendo isso que eu estou fazendo, estar numa banda e tal, eu ainda prefiro ficar sozinho. Quando fiquei se monde morar, Mao-kun, enquanto se preocupava comigo e com ele, ainda tinha em algum lugar uma esperança de que “vai ficar tudo OK”, enquanto prá mim parecia impossível. Quando eu me preocupo com alguma coisa, eu fico pensando nisso o tempo todo.

P: Ouvindo esse tipo de coisa eu acho… Que você não é do tipo que consegue lidar muito bem com suas falhas.
Mizuki: Ah, não, eu naõ sou nem um pouco bom nisso.

P: Como você não é bom em confrontar as pessoas frente a frente, você é facilmente motivado por conta própria, mas por outro lado é mais fácil se irritar consigo mesmo desse jeito. Contudo, já que aqueles momentos de “é fácil escapar disso” são raros, você precisa correr atrás das coisas que quer, uma vez que tenha decidido isso, pelo menos é o que eu acho. Por exemplo, quando você se graduou no colégio, teria sido muito mais fácil entrar numa universidade primeiro e formar uma banda durante seus estudos, mas você escolheu um caminho muito mais difícil, não foi? Eu acho que isso é uma coisa assustadoramente corajosa de se fazer.
Mizuki: Foi mesmo, não? Mesmo assim, eu ainda sou “escoltado” pelo resto da banda. Porque, por exemplo, durantes os encontros, eu ainda não consigo me expressar muito bem, então eles ficam: “Você pode, por favor, dizer com clareza o que você está pensando?”.

P: Mas vendo aqueles vídeos de comentários, você assume o papel de ‘falante’ e parece muito mais sociável. Mas na realidade é exatamente o contrário disso.
Mizuki: ... hmm. Eu entendo o que quer dizer. Como o “Mizuki do Sadie” eu sou muito mais sociável e posso me mover livremente pelo palco e eu acho que esse é o meu jeito de “compensar” a minha incapacidade de expressar meus sentimentos. Só que, quando o ambiente me permite fazer o que eu tenho vontade, meu jeito acaba mudando*. Mas eu realmente não sei o porquê disso.
* Pelo que entendi, acho que ele quis dizer que quando ele se sente “confortável” em determinado lugar ele consegue agir sem ser a pessoa tímida de sempre.

P: Uma vez que o estresse de “não ser capaz de se expressar” tenha passado e não há mais nada que esteja te oprimindo, que tipo de “Mizuki” nasce daí? Isso é algo que causa certamente uma ansiedade para se ver. Além do mais, você está participando da KARASU, e é possível sentir que seus horizontes estão se expandindo em inúmeras coisas.
Mizuki: Essa é realmente uma grande experiência que eu pude fazer parte. Com membros de bandas que são amigos e outros que eu via como rivais... Claro que algumas coisas foram meio frustrantes também, mas as experiências que eu vivi eu trouxe para o Sadie também. Quando eu voltei a me encontrar com os membros (do Sadie) eles disseram que eu parecia mais animado e que isso certamente não foi perda de tempo. Eu acho que foi um adicional a minha carreira. Especialmente, quando tocamos no Budokan, eu me senti tipo “WOW!”, e enquanto eu estava tocando eu não conseguia parar de pensar o quanto eu queria tocar com o Sadie naquele palco!

P: Bem, então esse é o objetivo a partir de agora, certo?
Mizuki: Sim, é! Mas não é só “Eu quero tocar no Budokan” ou “Eu quero vender bem”, é muito mais por ser capaz de transmitir o sentimento de “vamos dar o nosso melhor amanhã também” e fazer as pessoas acreditarem que isso é possível. E com isso, eu acho que vai ser bom tocar em um lugar com muitas pessoas e eu sinto que posso fazer isso. E um desses lugares simbólicos provavelmente seria o Budokan. De qualquer forma, em primeiro lugar eu acho que se alguém tão rabugento como eu conseguiu chegar onde estou então, eu acho que preciso me esforçar um pouco mais, ainda. É difícil colocar em palavras, mas é isso que eu quero transmitir.

P: Ultimamente as frases “Se tornar grande” e “Querer alcançar um grande número de pessoas” têm se tornado bastante comum para muitos. Contudo, existe uma diferença disso para a frase “querer ser grande” em se tratando de um desejo material das coisas. Eu acho que sua performance no C.C. Lemon Hall em Junho vai ser um grande passo para você. Acima de tudo, vai ser o primeiro show one-man em uma casa de shows com essa estrutura*, então existem mais coisas envolvidas que o usual?
Mizuki: Certamente tem uma coisa meio assustadora nisso. Existem fãs que realmente gostam do que estivemos passando com nossos shows e essa sensação vai definitivamente mudar. Essa é minha opinião pessoal, mas eu acho que você consegue passar as coisas com mais facilidade em um lugar maior. Como sempre foi, o Sadie continua com a agressividade, mas dessa vez estamos pensando em uma coisa mais dinâmica e esse é um grande desafio. No passado, não éramos muito bons em transmitir certas coisas. Durantes os shows, era divertido ser um pouco selvagem no início e no final, mas, agora, estamos nos esforçando para dar um pouco mais de força no meio disso, onde não éramos muito bons.
* O C.C. Lemon Hall têm assentos marcados, diferentes dos outros lugares em que eles tocavam.

P: A parte em que tocam アゲハの亡骸 (ageha no nakigara) e 淡き群青 (awaki gunjou), que mostra uma perspecttiva profunda das coisas e Mao-san está realmente mostrando emoções acerca da tristeza?
Mizuki: Sim. Agora, todos nós estamos retratando isso. Eu mesmo estive contemplando uma mudança de método, de forma que eu não atrapalhe Mao-kun enquanto ele estiver cantando nessa parte (risos). Nesse ponto, a banda realmente mudou e o resultado disso vai ser esse show. Mesmo que as fãs digam que “tocar numa grande casa de shows = aumentar as vendas”, eu acho que não é isso que vai acontecer.

P: Essa é a razão de, mesmo em eventos, vocês não apenas tocam as músicas mais alegres, mas também se concentram em tocar músicas mais profundas também.
Mizuki: Sim, é. Não fazemos isso apenas por fazer, eu acho que expressar as emoções de verdade é uma coisa bem “Sadie”. Mesmo que não seja a mesma coisa que olhar prá nós e ficar tipo “Woooah”, eu acho que é uma coisa boa, se ao menos “algo” puder ficar nos corações das pessoas que vieram nos ver. Isso é porque Mao-kun também entende a importância disso. Quando ele canta sobre esse modo de vida, não existe ninguém que pode vencê-lo. Ele pode absolutamente mexer com o coração das pessoas que vieram vê-lo cantar.

P: Verdadeiramente, essa é uma das armas de Sadie agora. Certamente vocês são uma banda agressiva e estrondosa, mas isso não tem a ver só com ser selvagem e louco. As pessoas são perfeitamente movidas, e no final dos shows não existem apenas torcidas, mas também aplausos.
Mizuki: No passado nós apenas pensávamos em transformar a casa de shows em um frenesi ou algo assim, de verdade (risos). De qualquer forma, agora estamos ansiosos para o show no C. C. Lemon Hall, nós queremos preparar as coisas que gostaríamos de trazer à tona sem maus pensamentos ou mal entendidos. A nível pessoal, eu acho que eu quero continuar fazendo as coisas livremente, e como foi em GAIN eu quero tocar muito mais guitarra. E não é só na maneira de me expressar mais com meu corpo, mas eu vim a pensar que há muito que eu posso expressar com a guitarra também. Dentre um grande número de outras coisas, eu estou ansioso para ver o que vai ser de nós daqui em diante.

Créditos pela tradução do japonês: kiniro-ageha

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