16 abril, 2011

Tradução: Entrevista do Mao para Rock and Read 27

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Depois de muito tempo sem postar alguma coisa interessante aqui, finalmente uma entrevista (antiga rs) traduzida!

Essa foi a entrevista do Mao para a revista Rock and Read nº27 de 2009. É um pouco longa, mas dividir em duas partes seria meio confuso. O Mizuki também fez uma entrevista beeem longa prá essa revista, que vai levar um pouco mais de tempo prá traduzir. E ao que parece, recentemente o Aki também foi entrevistado.

Os créditos pela tradução do japonês são de kiniro-ageha.


P: Eu acho que deveríamos começar falando sobre a sua história pessoal. Em primeiro lugar, você é originalmente de Kyoto, mas o que estaria mais próximo de você quando se trata de algum lugar?
Mao: Seria Nagaoka. Era tão próximo quanto Osaka, e a partir da casa dos meus pais, seria mais ou menos uns 5 metros até o município de Osaka.

P: Falando sobre o ambiente, em que tipo de lugar você viveu?
Mao: Tinha muitas montanhas ao redor. E era cheio de plantas e flores, bastante natureza, mas também tinha a fábrica Suntory bem próximo. Com montanhas e rios por perto eu tinha muito tempo prá brincar. Eu era como a pressa da nova geração da sociedade, largado no meio do nada (risos), onde os vagalumes voavam livremente.

P: E você tem algum irmão ou irmã?
Mao: Sim, eu tenho um irmão mais novo. Ele é 4 anos e 8 meses mais novo que eu.

P: Se você tivesse que se descrever durante a época do pré-ginasial*, que tipo de pessoa você era?
Mao: Durante essa época eu não recebia tantas advertências assim, entretanto, tinha esse quadro de comunicados e se tinha alguma avaliação escrita nele era sobre como eu era uma criança que gostava de pregar peças nos outros (risos).
* O pré-ginasial seria o antigo primário (CA até 4ª série).

P: Você era uma criança travessa então? Sendo desse jeito, quais seriam as chances de se interessar por música?
Mao: Quando eu fiquei mais velho, entre o ginásio* e o ensino médio**, X JAPAN estava agitando o mundo. Deve ter sido a época em que “BLUE BLOOD” foi lançado. Naquela época, X JAPAN causou um impacto em mim, mas esse impacto foi meio forte demais, eu não me acostumei aquilo de imediato. Foi mais ou menos “Woo, esses caras são assustadores!”
* Corresponde ao antigo ginásio (5ª a 8ª série).
** Ensino médio seria 1º, 2º e 3º anos.

P: E sendo criança é bem natural pensar essas coisas, não?
Mao: Mas logo depois disso, eu tive a influência de um primo que era dois anos mais velho que eu e quando fomos a uma loja juntos uma vez, tinha uma música bem legal tocando lá. Quando eu disse que aquilo era muito legal e perguntei quem eram, ele me disse que era “Silent Jealousy” do X JAPAN. Eu peguei todos os CDs do meu primo emprestados, pesquisei várias coisas até que eu estava completamente por dentro deles (risos).

P: Isso foi porque você não queria só ouvir música, mas estar nesse meio também?
Mao Sim. Eu persisti durante muito tempo pros meus pais me darem uma guitarra. E quando eles disseram sim foi quase como um teste, porque eles disseram que me dariam se eu tirasse acima de tal nota na escola. Bem, essa é uma exigência bastante comum, mas quando eu consegui todas as boas notas, eles me deram uma HIDE, modelo MG-80X. Isso foi mais ou menos no 3º ano do ginasial*.
* Acredito que aqui seja a 7ª série do antigo ginásio.

P: De certa forma tinha um motivo e foi por isso que você trabalhou duro para conseguir notas boas, ou o seu nível já era bom na escola?
Mao: Na verdade eu não era completamente ruim na escola, mas só era realmente bom em Língua Inglesa. Eu estive estudando inglês desde a 1ª série do primário, foi por isso que as aulas de inglês do ginasial foram bem fáceis prá mim. Mais ou menos isso.

P: Do tipo “nós só estamos melhorando porque tem ESSE motivo? (risos)
Mao: Bem isso (risos). Naquela época eu já olhava adiante e enquanto minhas notas em inglês estavam muito boas, consegui ir bem nas outras matérias também e no final consegui entrar em uma boa escola no ensino médio*.
* Não tenho certeza e não tive tempo de pesquisar direito, mas ao que parece, no Japão os estudantes vão para uma nova escola no ensino médio (de preferência as melhores), porque é quando começam a se preparar pros exames de admissão da universidade. Por favor, corrijam-me se falei alguma besteira ):

P: Então depois que você colocou suas mãos naquela MG-80X, como fez para aprender a tocar?
Mao: Eu ganhei a guitarra quando estava no 3º ano do ginasial e no início eu praticava lendo as tablaturas. Quando entrei no ensino médio, eu imediatamente entrei para o clube de música e foi aí que formei minha primeira banda.

P: Que tipo de música essa banda fazia?
Mao: Era uma banda cover. Nós trazíamos nossas idéias sobre o que seria legal fazer, mas por sorte o nosso vocalista também gostava de X JAPAN e a primeira música que tocamos (da banda) foi ‘WEEKEND’.

P: Você passou para uma boa escola de ensino médio, formou uma banda e tocava guitarra, isso não era considerado legal entre seus colegas de classe?
Mao: É sim, na maioria das vezes (risos). Mas antes de chegar nesse ponto, tudo bem se eu voltar a falar sobre o ginásio? Porque prá ser sincero, a garota com quem eu entrei na escola ginasial tinha me dado o fora três vezes.

P: Uuaaah, mesmo você tentando tanto… Isso é uma história um pouco trágica.
Mao: Sim, foi vergonhoso, foi o que eu pensei na época também. Eu pensei ‘não posso deixar isso acabar assim!”. Na verdade uma parte dessa história também está relacionada a como eu comecei a tocar guitarra. É claro, que antes de tudo e mais importante de tudo eu realmente admirava HIDE-san. Mas durante os anos na escola ginasial não havia muita gente tocando guitarra ao meu redor e eu pensei que seria bem legal se eu começasse a tocar e formasse uma banda. Eu estava certo de que, se todas as pessoas começassem a me admirar, ela também iria mudar sua opinião sobre mim.

P: Uma especulação cheia de segundas intenções… Como terminou isso, então?
Mao: Bem, a história começa a ficar um pouco complicada aqui. Apesar de tudo, essas segundas intenções me fizeram montar uma banda, certo? Eu ficava pensando como eu conseguiria mostrar que era legal e então estávamos gravando um clipe com a banda. E quando eu assisti aquilo eu me dei conta que eu não era nada maneiro.

P: Você quer dizer, se tratando de tocar guitarra?
Mao: Completamente! (risos) O outro guitarrista era extremamente habilidoso. E eu fiquei frustrado quando pensei que provavelmente eu não era bom o bastante na guitarra.

P: Entendo… Então esse foi o momento que você decidiu mudar de direção.
Mao: Esse foi o momento. (risos) Eu fiquei pensando no equilíbrio entre eu e os outros membros da banda e se não seria melhor que eu estivesse à frente, cantando. Eu pensei que se eu fizesse isso eu poderia trocar de posição e me tornar vocalista.

P: A história de como Mao-kun eventualmente se tornou um vocalista tem muitos motivos... Mas por outro lado é realmente interessante e em outro um pouco triste. (risos)
Mao: Mesmo assim, no final eu estava certo, não? Então mais tarde quando tocamos “ROISIER” do LUNA SEA no festival cultural, quando eu fiquei nos vocais, nós fomos muito bem recebidos. Naquela hora eu pensei que eu realmente podia só cantar e como eu não estava só na banda da minha escola, mas participava de outras por fora também, eu deveria trocar minha posição em todas para vocalista.

P: Essa outra banda, era cover também?
Mao: Era mais música ocidental e ás vezes fazíamos cover de Skid Low e Guns’n’Roses. Eu gostava tanto de Visual-Kei quanto gostava das músicas do ocidente. Era como se eu pudesse tanto ir a um show de LUNA SEA como eu poderia ir ver Mister BIG.

P: Bem, parece que o assunto se prolongou até aqui (risos). Sobre a garota que você havia dito antes, o que aconteceu depois disso?
Mao: Sobre isso, aconteceu como eu havia planejado. Ela foi para o show e me viu daquele jeito, então sua visão sobre mim mudou para melhor e no geral, foi uma coisa boa. Mas logo depois disso tudo terminou imediatamente (risada amarga). Honestamente, depois que meu propósito tinha sido completado, eu me dei conta de que eu não estava tão afim dela assim.

P: Esse parece ser um outro capítulo na novela de como Mao-kun trabalha duro em alguma coisa quando se tem um motivo maior por trás. Nesse aspecto, quando entrou para o ensino médio, talvez essa tenha sido a melhor parte de tudo no final. Naquele tempo, quais eram seus pensamentos acerca do futuro?
Mao: Naquela época a banda em que eu tocava fora da escola começou a fazer músicas próprias. Nós conseguíamos juntar umas 200 pessoas, entre amigos e pessoas que conhecíamos e fazíamos um show com um publico bastante eufórico. Eu pensava que seria incrível continuar a fazer aquilo.

P: E você continuou depois que se formou na escola?
Mao Não. Mas isso foi porque eu sabia que a vida de um músico era extremamente puxada. Entretanto, desde aquela época em diante, eu fui em uma direção diferente e pensei em entrar no negócio da maquiagem e dos penteados.

P: Isso foi influência de HIDE-san?
Mao: Ah, sim, esse foi parcialmente o caso (risos). E aumentou quando eu pensei que os artistas de maquiagem eram realmente legais e eu estava admirando o lado glamuroso disso.

P: Com essa idéia em mente, qual foi a reação dos seus pais?
Mao: Eu acho que eu estava com problemas. A minha escola era fortemente conectada com a coisa de intercâmbio. Ao nosso redor haviam apenas alunos estudando para o vestibular. Não era como se nossos pais fossem extremamente rígidos, mas eram de um tipo de ‘elite’ que pensava que não havia necessidade de gastar dinheiro com esse tipo de coisa (música). E entre eles, ter um filho que estava numa banda, saía à noite e praticamente fazia o que bem entendia ao passo de quase largar a escola, eles pensavam que era impossível ouvir esse filho com seriedade. Mesmo assim, eu disse aos meus pais, em Outubro, no final do terceiro ano, que eu queria entrar para a indústria da maquiagem e dos penteados. Eu diria coisas como “A faculdade que eu quero prestar tem uma filial no exterior onde eu posso aprimorar meu Inglês e ser bem sucedido quando voltar prá casa”. Para eles, se fosse realmente desse jeito, então estava tudo OK.

P: O que aconteceu em Outubro, no seu último ano na escola?
Mao: Minha mãe me disse que isso era impossível. Ela disse que para ela estava tudo OK com isso, mas o resto da família era completamente contra. Eles disseram que se eu queria virar um cabelereiro eu continuaria andando por aí sendo um inútil como eu era naquela época e assim eu não teria tempo para arranjar um emprego e ganhar dinheiro. Isso não iria funcionar, certo? Então, me disseram que se eu realmente queria ir prá universidade prá me tornar cabelereiro eu teria que trabalhar para pagar todas as minhas despesas. Tudo o que me restou como resposta foi um “Ah, entendo, então eu vou fazer isso e entrar na universidade”.

P: Mas daí seriam apenas quatro meses até os exames de admissão começarem.
Mao: Foi bem difícil. De verdade. Apesar de tudo, eu só estive fazendo as coisas da banda durante todo o período escolar, e, exceto em inglês, minhas notas estavam péssimas. No início eu estive procurando por algo que tivesse foco apenas em inglês, mas no final nem mesmo o meu nível de inglês era suficiente. Não importava o quanto eu soubesse, já que eu não tinha nenhuma experiência fora dali nem estava voltando para casa depois de passar um período no exterior, eu não era um candidato competitivo o bastante. Não havia como melhorar e no final, ao invés de prestar para apenas dois vestibulares, eu fiz prova para onze. Entre esses onze, teve apenas um em que eu passei (risos).

P: Será que isso não foi um milagre?
Mao: Na verdade eu fiquei bastante feliz com isso. Afinal, eu não seria ‘livre’ de novo com essa aprovação? Eu pensei que, agora, eu tinha quatro anos prá pensar no que fazer com meu futuro. Só que daí em diante, eu fiquei pior do que na época da escola.

P: Que vida acadêmica maravilhosa! Estou com inveja!
Mao Bem, quase. Da minha casa até a universidade, levava duas horas de trem e a baldeação levava muito tempo, e quem estava pagando a passagem era eu mesmo (risada amarga). Quando eu entrei na universidade, eu queria entrar para o clube de música e tocar numa banda de novo, mas infelizmente eu não tinha tempo nem prá isso. Mas já que eu tinha entrado naquela universidade, passei um ano inteiro me perguntando se era tão bom assim.

P: No fim, qual a solução que você encontrou?
Mao: Eu tentei me ajustar a princípio, mas então eu pensei que poderia fazer uso do programa de intercâmbio da faculdade. Eu pensava que se o ambiente mudasse um pouco, teriam mais portas se abrindo para mim. Viajar para outro país iria me acrescentar mais experiência e eu iria parar de perder quarto horas da minha vida todos os dias, era uma vantagem dupla, na verdade. E assim eu fui prá Inglaterra. Por mais ou menos seis meses, onde nos três primeiros eu ficaria na casa de uma família e os outros três eu viveria por conta própria num alojamento.

P: É claro que também haveria a possibilidade de jogar lá (risos)*
Mao: Certamente! (risos) Por isso que essa época foi bem cor de rosa. Eu praticamente só me diverti lá. Só por um momento, durante o período de intercâmbio minhas notas estavam boas na universidade que eu entrei lá (na Inglaterra), então eu poderia fazer o que quisesse, aproveitando bastante a estadia na Inglaterra. (risos) Mas, muito mais interessante do que estar na faculdade, eu podia conversar com as pessoas de lá quando saía prá passear com todo mundo
* A palavra usara aqui é ‘slots’, que seriam máquinas caça-níqueis, conhecidas como Pachinko no Japão. Acredito que ele esteja se referindo a ele poder jogar esse tipo de coisa no exterior.

P: Quando se fala em se formar em Língua Inglesa, acredito que, com o sistema de aprendizado Japonês-Inglês nas escolas, se envolver em conversas com os habitantes de lá é totalmente diferente. Você teve problemas com o seu Inglês alguma vez?
Mao: A universidade que eu tinha entrado tinha alunos do próprio país e recebia com frequência alunos de intercâmbio de outros países também. Com um sentimento comunicativo tão grande, o Inglês que era necessário não estava no nível dos nativos de lá, já que basicamente todos os estudantes estavam no mesmo nível.

P: Um ambiente bem multi-internacional, certo?
Mao: Era bastante internacional e a faixa de idade era bem ampla também. Haviam homens e mulheres muito mais maduros assim como muitos jovens. No início eu pensei que esse tipo de ambiente era bastante interessante. Mas eu percebi rapidamente que antes mesmo de pensar em me acostumar, era bem mais fácil falar em inglês com eles, seja quando eu saía sozinho ou com as outras pessoas.

P: Certamente (risos). Então você foi capaz de fazer amigos com rapidez?
Mao: Bem, quando você sai à noite é uma coisa quase que imediata.

P: A cultura noturna de lá é bem mais ampla que no Japão, levando em consideração que a Inglaterra é um país mais maduro, não é?
Mao: Bem, sim, e fazer esse tipo de coisa por diversão certamente custava muito dinheiro, né? Na universidade também tinham outros caras que pensavam desse jeito e ao se convidar as pessoas, havia alguns que eram jovens demais e não tinham dinheiro. Mesmo assim quando comparado aos jovens japoneses, nós somos o que temos mais dinheiro. Mesmo assim eu percebi como lidar com esse tipo de coisa e que várias vezes havia a hora de ser convidado como a de convidar também.

P: Mesmo se divertindo assim, você certamente conseguiu dominar o inglês. Sinto um pouco de inveja disso.
Mao Honestamente, se comparado ao estudar a língua numa universidade desse jeito é bem mais rápido (conversando com nativos)! (risos)

P: Então o que aconteceu quando você voltou ao Japão?
Mao: Durante a minha estadia na Inglaterra teve uma coisa que eu percebi. Que era; se tinha algo que eu queria fazer, então eu teria que confiar em mim mesmo. Mas quando voltei, eu imediatamente disse aos meus pais que iria largar a universidade.

P: Oooh… Mesmo tendo tido tanto trabalho prá conseguir entrar?
Mao: Mas foi porque eu percebi isso. Mesmo que tenha conseguido atravessar os obstáculos a minha frente eu ainda não era bom o bastante. Desse jeito, eu ficava com raiva de pensar que só havia entrado por sorte. E depois de todo o tempo que eu perdi pensando nisso, acabou custando um valor alto, né?

P: Certamente.
Mao: E meus pais ficaram realmente com raiva. Eles me disseram que se era prá me deixarem viver com toda a minha teimosia, eu devia sair e viver sozinho.

P: Em outras palavras, quando você admitiu que ia largar a faculdade, você foi intimado a deixar o santuário dos seus pais e se tornar independente?
Mao: Sim, foi isso. Eu não podia pedir mais dos meus pais de ali em diante. Me ajudou bastante eles terem deixado eu ficar em casa até achar um emprego, mas logo que eu consegui juntar algum dinheiro eu fui morar sozinho. É claro que meus pais ficaram preocupados com inúmeras coisas, mas eu não pediria mais nada a eles. Em épocas que o dinheiro não era suficiente eu pedia empréstimos também. (risada amarga)

P: Esse foi provavelmente o único jeito que Mao-kun poderia se fortalecer por conta própria. Entretanto, desde a época que você prestou vestibular, a palavra “banda” não surgiu nem uma vez. Desde sair da universidade até estar numa banda novamente, que caminhos você seguiu?
Mao: Antes de tudo, o momento em que decidi sair da universidade foi quando repensei tudo o que eu queria. Naquela época eu tinha 20 anos de idade e me perguntava se era mesmo a melhor coisa a fazer. E com isso eu percebi que a única coisa que eu realmente queria era estar em uma banda.

P: Então quando você decidiu que queria estar numa banda, decidiu que deveria ser uma de Visual-Kei?
Mao: Na verdade foi o contrário, eu tinha esquecido completamente do Visual-Kei por mais ou menos dois anos. Naquela época eu estava ouvindo bandas como BLANKEY CITY, thee michelle gun elephant e High Standard.

P: Então qual foi a razão de você querer retornar para esse mundo?
Mao: Quando eu pensava que queria estar numa banda de novo, um cara de época de universidade e que tinha uma banda me disse que o vocalista deles havia saído. Então eu entrei nessa banda, que era a SELFRUSH, minha banda antes de Sadie. Se eu tivesse que colocá-la em uma categoria, seria algo como um Visual-Kei suave, o que era popular naqueles dias. Para mim era algo que eu podia fazer sem resistência.

P: Certamente era uma banda bem “suave” (em termos de estilo). Então como você seguiu para uma banda com um estilo tão diferente como é Sadie?
Mao: Eu estive na SELFRUSH durante quatro anos. Mas com o andar das coisas, não conseguíamos mobilizar mais de 100 pessoas e o nosso último guitarrista disse “Bem, provavelmente esse é o nosso limite” e com isso ele saiu, o que levou ao nosso fim. E foi quando eu me perguntava como seguir em frente e começar tudo de novo que KISAKI-san me convidou para ser o vocalista de sua nova banda

P: Tecnicamente, esse era o tipo de convite para fazer parte de uma banda de Visual-Kei com uma aparência mais pesada, não?
Mao: Sim. No início eu fiquei meio chocado. Certamente, enquanto era da SELFRUSH, KISAKI-san nos deixou tocar em vários eventos diversas vezes. Em um deles, em que 12012 também estava participando, todas as bandas tinham um visual mais pesado e a SELFRUSH era uma das que praticamente não usava maquiagem nenhuma. E para mim era algo como: estar numa banda com KISAKI-san = fazer algo com um estilo completamente diferente (risos).

P(risos)
Mao: Eu imaginava como seria usar roupas tão espalhafatosas como as que KISAKI-san vestia (risos). Mesmo assim, você sabe, em um canto da minha mente eu estava mesmo pensando em seguir uma direção um pouco diferente. Afinal, eu estive na SELFRUSH por quatro anos sem mudar nada. Eu me perguntava como eu poderia me desprender da opção de continuar no mesmo e me juntar a KISAKI-san.

P: Então você formou uma banda logo depois disso?
Mao: Não. Levou algum tempo já que eu era bastante reservado ao fazer as audições para escolher outros membros e tal. Eu também pensava que tinha que aprender a dar o meu melhor. Que opções haviam nesse mundo do Visual-Kei mais pesado? Eu realmente não sabia como fazer isso. Durante um bom tempo, eu perguntei muitas coisas à KISAKI-san e ele me ensinou muito.

P: Foi assim que você começou a estudar o Visual-Kei, não foi?
Mao Eu realmente estudei. Não era só fazendo as coisas com KISAKI-san, mas também estava envolvido em ouvir todos os tipos de CDs sem exceção. Já que eu tinha perdido o interesse pelo Visual-Kei no passado, era hora de eu ver quais as bandas que estavam fazendo isso agora e eventualmente, que bandas estavam vendendo e tal. Eu fiz intermináveis pesquisas nesse assunto.

P: Mais uma vez, esse é o Mao-kun trabalhando duro porque tem um motive por trás. Eventualmente, com esse tipo de pesquisa, a que conclusões você chegou?
Mao: Eu comecei a ouvir inúmeras bandas, das que começavam pela letra “A” e seguindo o alfabeto. Mas eu não achei nada que eu pensasse ser bom o bastante. E enquanto eu ficava pensando que talvez o Visual-Kei não fosse prá mim, continuei a ouvir mais bandas. Mas aí aconteceu uma coisa. Falando de maneira simples, depois do que aconteceu, tudo meio que ficou no escuro.

P: ………. Posso sentir uma atmosfera desconfortável.
Mao: Eu pensei em tantas coisas, como, a princípio “Qual é a razão disso?”, “Sendo o dono de uma companhia, ele (KISAKI) com certeza deve ter suas próprias idéias sobre isso” e “Ele está nesse meio durante todo o tempo por muitos anos”. E, é claro, já que eu tinha muito tempo livre, pensei em simplesmente largar tudo naquele ponto, foi o que me ocorreu na hora.

P: Então o que você fez?
Mao: Eu fiquei fazendo nada além de jogar Pachinko* (risada amarga). E enquanto eu fazia isso, depois de vários dias, houve uma coincidência do nada. No exato momento em que eu me sentei, o dono de uma certa agência entrou.
* O famoso caça-níqueis. Ao que parece, o Mao é viciado nisso rs

P: Uma chance incrível, não?
Mao: Agora eu penso assim também. Enquanto ele estava trabalhando e nos entregando coisas no Nishiyuuki Brand New, ele começou a falar comigo tipo: “Hey, que tal você começar uma nova banda então?”. E eu expliquei a ele a atual situação e ele “Bem, então vamos falar com KISAKI-san” e nisso eu não tinha a sensação de estar pedindo um favor ou algo assim e sem que eu fizesse nada ele ligou e falou por mim.

P: E então?
Mao: O empresário ligou e perguntou o que estava acontecendo com aquela tal banda (que KISAKI queria montar) e, enquanto eu fiquei esperando de pé ao lado dele, consegui ouvir um “por alguma razão tudo o que foi planejado foi desfeito”.

P: Mas você sabia a verdade, não é?
Mao: Eu sabia e foi difícil lidar com isso. Afinal nós estivemos juntos por um ano inteiro... Eu comecei a chorar naquele lugar, na frente dele. Mas então, o empresário disse “Bem, por enquanto, vamos jantar” e me levou com ele.

P: E que tipo de conversa vocês tiveram então?
Mao: Ele me perguntou o que eu queria fazer. Então ele gradualmente começou a falar e o assunto sobre ser vocalista na nova banda de KISAKI-san veio à tona e que antes de eles começarem suas atividades tudo havia terminado. Mas, o empresário perguntou “Do jeito que as coisas estão agora, você vai deixar sua linda carreira musical acabar bem aqui? Ou se você vai subir dessa posição para algo maior? O que você escolhe?”.

P: Mao-kun escolheu a última opção, certo?
Mao: ... bem, naquela época haviam pessoas comentando ao meu redor e o jeito que elas me olhavam não era muito bom. Mais do que isso ou qualquer outra coisa, somando tudo o que eu fiz durante um ano, e, apagando todos os objetivos que eu tinha decido atingir, não havia nenhuma outra opção para mim. Quando eu disse isso ao empresário, que eu não queria deixar que isso terminasse ali, ele me respondeu: “Se você seguir com isso eu farei o possível para apoiá-lo”.

P: Essa é uma expressão ruim, mas existem os Deuses do Abandono e os Deuses da Aliança.
Mao: Sim, mas o ano que eu passei com KISAKI-san foi realmente importante e eu tenho boas memórias dessa época. Alguns dias depois disso eu perguntei a ele o que tinha acontecido sobre o assunto da nova banda e tudo o que recebi foi um “Me desculpe”. Quando eu disse que estava formando uma banda ele disse para eu dar o meu melhor. E a conversa foi mais ou menos um “Bem, já que você vai estar em uma nova banda, estou torcendo por você”. Mas eu não guardo nenhuma mágoa quanto a ele e atualmente nós estamos muito bem. Mesmo que ainda tenho um pouco de arrependimento, eu realmente gostaria de fazer um grande show com a banda de KISAKI-san.

P: Falando sobre isso, a formação de Sadie começou de uma posição abaixo de zero para zero, certo?
Mao: Sim, foi um começo de lá embaixo para baixo (risada amarga). Eu disse ao empresário que iria reunir os outros membros o mais rápido possível e com todo o entusiasmo eu consegui unir todos da formação atual. Sem hesitar e a todo custo, minha motivação era um caos total, e ao pedir por um pouco de força, encontrei Aki-san primeiro e depois achei os outros. Foi mais ou menos como a história de Momotaro*.
* Personagem de uma lenda japonesa, que reuniu aliados para lutar contra os Onis. Aqui tem a história toda.

P: Nesse caso, Mao-kun deu a banda o nome de “Sadie”, que parece traduzir bem a história toda até esse ponto, certo?
Mao: Durante todo o tempo eu realmente tentei pensar nas coisas com otimismo. Mas durante épocas em que eu me confrontava com uma gigantesca frustração, aquela tristeza que eu suprimi aparecia com tudo, junto com a dor de ser quase jogado de um abismo… Quando eu ouço as músicas daquele início, ainda dói bastante. Perceber que eu comecei uma banda do nada me fez pensar que não havia nenhum outro nome além desse.

P: Com esse tipo de pensamento como razão para o nome, as letras e a sonoridade dos primeiros anos de Sadie mostrar um pequeno sentimento de limitação com brutalidade, não é? Ainda assim, tendo essa mesma banda, não houve um momento de libertação dessa magia que havia sobre vocês?
Mao: Ah, isso deve ter sido provavelmente durante a época que lançamos a holy terrors (em Março de 2007). Até aquele momento a música era para mim como uma ferramenta para aliviar minha dor, desespero e solidão, eu acho. Mas, enquanto gradualmente continuamos seguindo com a banda, eu percebi que haviam pessoas que eram de fato influenciadas pela nossa música e letras, que haviam pessoas que também se sentiam assim. E naquele momento eu comecei a sentir pela primeira vez que eu realmente “queria viver”. Como meu antigo eu, eu comecei a entender que uma pessoa é capaz de salvar a outra com música também.

P: Então havia esse contexto que fez com que Mao-kun se comprometesse mais com as letras.
Mao: Por essa razão, não são palavras de desespero e morte para mim, mas é muito mais como se estivesse dizendo “continue vivendo!” nas minhas letras.

P: Mas certamente essas letras que você esteve mostrando durante épocas conturbadas também vinham de uma necessidade constante, não? Mesmo que a forma de expressão seja diferente, o motivo real desse impulso não era o mesmo?
Mao: Provavelmente era bem assim mesmo. Era. A base de tudo era exatamente a mesma coisa, mas se comparado ‘àquela época’ eu não me importava com os outros; eu provavelmente só conseguia pensar excessivamente no lado ruim das coisas.

P: Então, que tipo de vocalista Mao-kun quer se tornar de agora em diante?
Mao: Tem um número grande de coisas que eu estou pensando agora, como querer fazer shows em lugares muito maiores e quebrar essa barreira de Visuak-Kei. Só que, mais do que isso tudo, eu gostaria de poder continuar fazendo música com pessoas que estão ‘aptas a mudar’, não importa se é uma só ou muitas pessoas. Claramente falando, eu acredito que isso seja a minha missão.

P: Então, para o Mao-kun com essa nova visão, o que o nome “Sadie” significa para você agora?
Mao: Mesmo que tenhamos conseguido subir tanto assim, eu não tenho nenhum arrependimento acerca desse nome. Foi justamente por termos passado por todos esses momentos difíceis e de grande tristeza que conseguimos chegar onde estamos hoje. Nunca fugimos de nenhuma luta e eu não acho que escolhemos o caminho errado. Sendo assim, eu quero continuar guardando o nome dessa banda com muito carinho por todo o sempre.

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