21 agosto, 2011

Tradução/Scans: Entrevista para Cure Vol.51 (2007)

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Entrevista do Mao para a Cure 51, de 2007. Aproveitamos para postar também os scans do photoshoot dele na revista.


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Como vocalista do Sadie, a performance de Mao é imbuída de tristeza e dor expressada por suas letras. Qual é a origem destas emoções? Para saber nós perguntamos ao Mao sobre sua infância e aos poucos sua verdadeira natureza saiu do esconderijo.

- Quando criança, que tipo de garoto você era?
Mao: Eu era um pouco travesso, e gostava de tramar maneiras para surpreender as outras crianças. Crianças são cheias de curiosidade, não são? Quando algo de repente chamava meu interesse, eu era do tipo que investigava isso e aquilo.

- Sendo travesso imagino que você gostava de brincar fora de casa.
Mao: Quando eu era pequeno brincava fora muitas vezes. O local onde eu morava tinha muito verde e era perto das montanhas, então eu sempre brincava lá, criava uma base e ia lá fora explorar. Eu frequentemente capturava insetos.

- Vários tipos de besouros?
Mao: Eu procurava besouros, mas este tipo de inseto não é fácil de pegar, então eu pegava gafanhotos e louva-deus. Olhando para trás agora eu sinto que era cruel com eles. Eu conseguia fazer o louva-deus e o gafanhoto brigarem um com o outro e ficava olhando intensamente como o louva-deus ganhava e comia o gafanhoto.

- Você realmente ardia de curiosidade, não?
Mao: Definitivamente. Mas na segunda metade da escola elementar* foi a época dos vídeogames e meus amigos e eu tínhamos que nos juntar e jogar. Uma vez que entrei para a escola média** eu parei de jogar e encontrei interesse em outras coisas.
* Equivalente ao antigo primário: 1ª a 4ª série.
** Equivalente ao antigo ginásio: 5ª a 8ª série.

- Quando era um aluno da escola elementar você não ouvi músicas?
Mao: Na escola elementar, eu não mostrava interesse. O karaokê era em uma sala grande e eu ia lá algumas vezes, mas nunca fiquei preso nisso. Ia ocasionalmente com meus amigos e cantava músicas populares, mas nada mais.

- Quando você começou a ter interesse sério pela música?
Mao: Quando estava na escola média. Meu primo dois anos mais velho que eu tocava guitarra e quando eu o vi pensei que era legal. Essa foi uma coisa que me interessou.

- Antes de nós conversamos mais sobre isso, eu quero perguntar a você uma coisa sobre seus anos de escola elementar. Desculpe a pergunta direta, mas quando foi seu primeiro amor?
Mao: A primeira vez que gostei de alguém foi durante meu primeiro e segundo ano da escola elementar. Ela era a irmã mais velha de gêmeas.

- Mas elas pareciam exatamente iguais?
Mao: Uma vez que eram gêmeas, seus rostos eram idênticos. A irmã mais velha era muito doce, enquanto a mais nova tinha uma personalidade mais agressiva. Elas eram ambas da minha sala e eu comecei a gostar da irmã mais velha.

- Mas isso nunca se desenvolveu para algo mais?
Mao: Nesta idade existem muitos falando sobre “fulano e fulano gosta de fulana e fulana”. Os garotos na minha classe falavam desta forma também. E as garotas falavam sobre isso entre elas. Então um poderia dizer que ela gostava de outro... Então não existiu realmente alguma coisa, mas só de ouvir que ela gostava de mim me fez feliz (risos).

- Você experimentou o amor de verdade pela primeira vez na escola média?
Mao: Certo. Isso está relacionado com a história que eu mencionei antes sobre ver meu primo e então começar a tocar guitarra. Tinha uma menina que uma vez eu estava interessado e falei com ela três vezes e todas as três fui rejeitado. Pensando nisso agora, eu não faço idéia no que estava pensando quando a chamei para sair três vezes (risos). Mas na terceira vez eu me senti derrotado. Desapontado, eu comecei a pensar “eu ainda vou ficar com ela”. Mas como? Primeiro eu pensei em fazer esportes então eu entrei no clube de vôlei, mas eu não tinha muito interesse nisso. No meu primeiro ano da escola média eu estava perto dos caras que levavam a sério os esportes e comecei a pensar que só estava fingindo e não poderia ser tão bom quanto eles, então eu comecei a procurar outra coisa. Não tinha ninguém na minha escola envolvido com bandas. Com bandas e música em mente eu importunei meus pais até eles comprarem para mim uma guitarra do modelo do Hide, eu realmente amava o Hide do X-JAPAN naquela época.

- Você entrou em uma banda imediatamente?
Mao: Ninguém na minha escola tinha banda e a maioria dos meus amigos eram ligados ao esporte, então nós não falamos muito sobre música. Eu ouvia música sozinho e quando estava na escola média me esforcei em praticar na guitarra em casa todo dia, pensei que não teria chance de entrar em uma banda. Então eu comecei a sonhar sobre entrar em uma banda quando estava na escola superior* e no nosso concerto eu poderia chamar garota e ter minha chance.
* Equivalente ao antigo ensino médio: 1º ao 3º ano.

- Então você costumava jogar vôlei?
Mao: Eu jogava porque entrar em um clube era obrigatório na escola média, mas não me esforçava muito. De fato o clube de vôlei na escola tinha uma reputação de atrair um bando de arruaceiros então eu e meus amigos brincamos de monte.

- Então você era um arruaceiro?
Mao: Só na aparência. Eu não perdia os encontros do clube, ia praticar todos os dias. Eu estava escutando musicas de visual-kei nesta época também e talvez por causa desta influência eu pensava na típica imagem do arruaceiro como um “regente” de um estilo nem um pouco legal, enquanto eu escolhia me vestir como um “garoto de banda” ou com um estilo visual-kei.

- Seu estilo te fez ficar popular na escola?
Mao: O tempo que comecei a ter encontros foi na escola média, então talvez.

- Você se lembra do seu primeiro encontro?
Mao: Na hora eu estava incrivelmente envergonhado, e se alguém te visse tendo um encontro poderia fazer piada disso. Então a maioria dos meus encontros foi levando a garota da escola para casa. Nas férias eu sempre saia com meus amigos ao invés de ter encontros.

- O que fez você se interessar pelo visual-kei?
Mao: X-JAPAN foi a primeira banda que estimulou meu interesse. A primeira vez que os vi na TV eu pensei “Eles parecem como personagens do SEIKIMA II*” sem mesmo deixar de prestar atenção na música. Mas eu odiava visual-kei. Depois que eu pude ocasionalmente ouvir a música do X-JAPAN eu achei que era legal e tudo de repente mudou meu ponto de vista. Então eu comecei a escutar bandas como X-JAPAN e LUNA SEA. Quando consegui minha guitarra, eu comprei coisas da banda e tocava enquanto ouvia aos CDs.
* SEIKIMA II era uma banda de heavy metal formada em 1982 por Damian Hamada, que tinha um visual pesado; parecido como o KISS. (Inclusive, eles participaram de um CD em tributo a banda, com a música STAINLESS NIGHT)

- As músicas do X-JAPAN e do LUNA SEA são músicas muito difíceis de tocar?
Mao: As partes difíceis são especialmente difíceis. Por exemplo, o riff do X-JAPAN de “WEEKEND” é fácil. Eu podia tocá-lo muito rápido e então passar um longo tempo em outras partes então no final eu era capaz de tocar sem problemas, o que me fazia sentir recompensado. Na escola média e na superior, eu sempre tinha momentos extras e podia tocar guitarra.

- Uma vez na escola superior você pôde formar uma banda como você estava esperando?
Mao: Eu entrei para o clube de música e comecei a banda. Outro garoto que entrou ao mesmo tempo tocava guitarra muito bem. E ambos entramos na banda. Não importava o quanto eu praticava eu não poderia ser bom o suficiente como ele, e ele conseguia tocar as partes difíceis e chamativas enquanto eu tocava as partes difíceis.

- Nesta época você ainda estava pensando sobre reencontrar a garota que tinha te rejeitado?
Mao: Nós acabamos indo para escolas diferentes e eu esqueci completamente meu rancor (risos).

- O que fez você decidir desistir da guitarra e se tornar vocalista?
Mao: Um dia eu estava olhando a performance de uma banda que tinha visto em vídeo. Então me deparei com um grande problema. Eu pensei “Eu realmente não pareço com um guitarrista”. É uma imagem que eu fiz, mas eu pensava que um guitarrista deveria ser alto com cabelos longos. Mas eu sou baixo e esteticamente não me adequava aquela imagem. Mais do que isso, não importava o quanto eu praticasse, não poderia alcançar o nível do outro guitarrista. No clube de música todos estavam instigados em tocar instrumentos e muitos garotos podiam cantar as vezes. Até que ninguém estava mais livre para cantar, eu decidi trocar de posição. Isso foi durante o segundo ano da escola superior.

- Eu aposto que você estar em uma banda te fez mais popular com as garotas.
Mao: Eu experimentei o prazer de ser mimado em frente as outras pessoas. Mas isso é diferente do amor e as garotas com as quais eu me encontrava eram diferentes daquelas que me mimavam. As garotas com as quais eu saía eram mais velhas que eu!

- Então era dito a você que você era bonito e tal?
Mao: Sim, eu sempre era tratado como alguém bonito. Foi engraçado ser tratado desta forma por pessoas mais velhas que eu, e ser capaz de atrair garotas mais velhas era engraçado também.

- Depois que você entrou na universidade?
Mao: Provavelmente porque eu gostava de visual-kei, no início eu queria ser cabeleireiro. Na minha escola, entretanto, eu estava na fila de acesso para a faculdade. Também meus pais e parentes eram todos da elite. Como um estudante do 3º ano eu fui para a orientação vocacional em setembro e quando disse aos meus pais que queria ser cabeleireiro, imediatamente foi formada uma reunião familiar e eles me disseram: “Uma escola profissionalizante dura somente dois anos e você tem muito estudo neste período de tempo. Mas na universidade você terá mais tempo livre para prosseguir com a banda.” Eu pensei “Oh, entendo”, e eles falaram e conseguiram me persuadir. Até aquele momento eu só tinha considerado trabalhar ou fazer uma escola profissionalizante então eu não tinha uma preparação para os exames de admissão (na faculdade).

- Estudar para os exames de admissão lhe exige muito.
Mao: Todo dia eu estudava muito. Nesta época somente minhas notas em Inglês eram excelentes e o resto estava apenas na média, então eu decidi estudar para exames de inglês e japonês e procurei por escolas que permitiam a entrada somente com estes dois exames e eu seria capaz de entrar na Universidade em segurança.

- Na Universidade você prosseguiu com a música?
Mao: Eu me juntei ao grupo de música na Universidade e eu me diverti com isso, mas havia muita excitação na minha vida. Tentando começar de novo e procurando por uma coisa que realmente queria fazer, eu contei aos meus pais: “Eu estou indo estudar no exterior”. Eles concordaram, dizendo que poderia ser uma boa experiência para mim e eu fui estudar na Inglaterra. Mas eu não fui exatamente para a escola, porque eu pensei que poderia aprender mais conhecendo as pessoas do que sentado em uma carteira, então eu saia para explorar toda noite. Com o senso de liberdade que veio de viver no exterior eu comecei a sentir que queria viver de uma forma mais relaxada. Claro que eu encontrei muita música na Inglaterra também. Eu percebi que a coisa que tinha perseguido como maior paixão era, acima de tudo, a música e de estar em uma banda. Eu tive que arriscar minha vida em algo e isso só poderia ser na música. Tão logo voltei ao Japão disse aos meus pais que eu iria parar a faculdade e prosseguir na música enquanto trabalhava para me sustentar. Meus pais aceitaram minha decisão sem objeção.

- Isso é muito impressionante.
Mao: Todo mundo ao meu redor sabia que quando eu tomava uma decisão nada poderia me fazer mudar de idéia. Então eu me mudei para Osaka, e enquanto vivia sozinho comecei a prosseguir com a música.

- Visual-kei?
Mao: Eu acho que seria um visual-kei ‘suave’. Enquanto eu estava na Universidade, outro membro do meu círculo musical lançou CDs em uma gravadora de visual-kei e apareceu em revistas. Eu admirava os outros membros da minha banda naquela época e quando este amigo me contou que o visual-kei ‘suave’ era popular, eu segui o seu conselho. Ele também me disse como fazer as coisas na cena indie (independente). Quando eu retornei ao Japão eu encontrei com os membros da minha banda de novo. Eu conversei muito com meu amigo e quando eu disse que queria começar uma banda nova, ele disse que poderia se juntar a mim e largar a escola também. Mas uma vez que ele deixou a escola, nós perdemos o contato um com o outro. Seguindo o exemplo daqueles que estavam a minha volta, eu continuei com a vida, mas eu ainda continuava envolvido na cena visual-kei e tendo chance de me apresentar com outras bandas. Então eu ouvi que muitas bandas de visual-kei tocavam em Nishi-Kujou BRAND NEW em Osaka. Eu nem mesmo sabia como fazer uma fita demo, mas eu pensei que se gravássemos nossa música nós poderíamos tocar lá. Nós gravamos nossa música em um ensaio e escrevemos tudo a mão e levamos a casa de shows e dissemos: ”Por favor, nos deixe nos apresentarmos.” Nós recebemos um ‘não’, mas conseguimos fazer shows de abertura em pequenas casas de espetáculo onde tocamos por cerca de um ano. Nesta época eu fiz amigos nas outras bandas e eles me ensinaram sobre gerenciar uma banda.

- Nesta época você não tentou a Nishi-Kujou BRAND NEW mais uma vez?
Mao: Com eles nós aprendemos como gravar fitas demo, então gravamos nossas músicas apropriadamente, imprimimos cartões com nossas letras no computador, e fizemos uma capa. Então nós finalmente pudemos tocar no Nishi-Kujou BRAND NEW.

- Depois disso como Sadie aconteceu?
Mao: Eventualmente minha banda daquela época seria capaz de fazer uma performance em grandes eventos de visual-kei, mas nós nos dividimos por várias razões. Como a banda foi caminhando para o fim eu comecei a pensar comigo mesmo que, se eu queria continuar no cenário de visual-kei, teria muito a aprender, então eu comecei a estudar por conta própria. Eu comecei a procurar por membros para uma nova banda e a pensar sobre como a nova banda deveria ser. Isso tomou quase um ano até que a nova banda pudesse ter um andamento, mas ao longo deste período eu continuei os estudos sobre o cenário VK.

-Então neste momento ainda tinham coisas que você não sabia sobre a cena do visual?
Mao: Mais do que não saber, eu estava ouvindo músicas do tipo das do BLANKEY JET CITY* e aspirava em formar um tipo de banda como essa, mas na realidade eu odiei isso. Embora eu tivesse um pé no cenário VK, queria aprender mais então eu ia a shows de outras bandas e saía à caça de CDs das bandas que havia escutado coisas. Eu encontrei várias bandas e então eu pensei que realmente estava legal daquela forma. Eu imaginei então que a banda poderia ser mais do que a forma como eles aparentavam. No mesmo momento os membros da minha banda nova já tinham se juntado e começado a praticar.
* Trio japonês formado em fevereiro de 1990 em Tóquio, ativos até 2000; faziam um rock com traços de punk e jazz.

- Por fim as coisas tiveram andamento?
Mao: Quando nós finamente estávamos prontos para começar nossas atividades, todas as coisas subitamente chegaram a um impasse. Eu peguei a gravação que fizemos em um ensaio e entrei em um estúdio para cantar e me preparar. Isso levou em torno de duas semanas e eu me encontrei em uma situação completamente inesperada... Depois de algum tempo não tinha esperança para a banda continuar e todo dia me sentia desesperado. Um dia enquanto eu estava passeando e me sentindo extremamente perturbado, aconteceu de eu encontrar o homem que iria se tornar o presidente da FACE MUSIC*. Ele me disse: “O que você está fazendo? Se você começar uma banda agora você ai ser capaz de sair fora deste abismo. Se você quiser fazer isso eu posso te ajudar”. Depois de estudar o cenário por um ano e ouvir muitas pessoas eu finalmente queria ir a algum lugar, então decidi pedir a ajuda dele. Eu me senti revigorado e quando tinha começado a procurar por membros para a banda ouvi que Aki tinha deixado sua antiga banda e então eu entrei em contato com ele e foi assim que o Sadie começou.
* Empresa que hoje trabalha com bandas como Sadie, Awoi, por exemplo.


- Você teve problemas depois disso?
Mao: Não, não no início... No inicio o Sadie era uma típica banda de visual, mas na verdade eu não era capaz de me expressar como eu queria ou fazer as músicas que eu esperava. Então, depois, ouvindo uma amostra nossa, tive a chance de comparecer ao show da banda que eu realmente admirava. Eu mandei uma carta para o vocalista e escrevi: “Eu espero que você me ensine sobre qual o tipo de pensamentos e quais as intenções que você tem quando canta. Eu estou tentando achar estas coisas em mim mesmo, mas não consigo encontrá-las...” Ele respondeu para mim e eu pude encontrá-lo. Ele me ensinou muito sobre como é ser um vocalista.

- Este foi um ponto de virada para você?
Mao: Sim. Eu estava extremamente influenciado pelos métodos daquelas bandas e por sua vez, comecei a cantar em um tom mais baixo. Contudo, somente isso não foi suficiente para ajudar a me expressar totalmente. Uma vez que encontrei aquele vocalista, eu aprendi que poderia derramar meus sentimentos internos quando cantasse. A partir deste momento eu comecei a entender o que “Mao”, o vocalista, deveria transmitir e comecei a ser capaz de expressar meus sentimentos e como deveria sentir nossa música. Rapidamente as circunstâncias em torno da banda começaram a mudar...

- O nome da banda se conecta com o que você se sente, não é?
Mao: SAD = dor e tristeza. Isso é a dor que sentia no ano antes do Sadie se formar e a dor que experimentei quando tentei escalar das profundezas. Eu sou capaz de expressar estes sentimentos através das palavras e cantando graças ao vocalista que respeito muito e que me ensinou, que fez a base do que eu sou agora. Para ver isso por outro lado, se eu não tivesse experimentado isso aquele ano, não poderia ser quem sou hoje. Eu não tenho mágoas sobre os encontros e desencontros daquela época, pelo contrário, quero expressar meu agradecimento e gratidão.

- Você canta sobre dor e tristeza... Agora, nós queremos saber de onde estes sentimentos vêm.
Mao: Desde que eu encontrei a fonte destes sentimentos eu tenho estado determinado em expressar esta dor e tristeza de uma forma direta. Liberar estes sentimentos reflete algo no meu núcleo (interior) e todas as minhas experiências vêm juntas como se fossem uma.

Tradução: Lauren

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